Nesta semana, escrevo sobre coisas que os brasileiros “aprenderam” sobre viagens ao exterior, mas que nem sempre são verdades. Dividi o post em 4 partes. Aqui a última parte!
16) Tô de boa: não tem crime lá fora!
O Brasil é comprovadamente um dos países mais perigosos do mundo em termos de crimes comuns, como assaltos, furtos, sequestros e agressões. Se você vive aqui, certamente terá uma grande sensação de segurança ao visitar os principais destinos turísticos europeus, asiáticos, norte-americanos e mesmo sul-americanos. Mas fique esperto. Também tem crime lá fora. Muito menos que aqui, mas tem. Um colega de viagem, em 2012, teve sua mala furtada em pleno lobby de um hotel em Cracóvia, na Polônia. Outro encontrou o vidro do carro estourado e teve todos os seus pertences roubados em Hollywood. Conheço gente que foi assaltada a mão armada em Orlando e vários que caíram em golpes nas ruas de Roma e Paris. E eu mesmo já fui enganado na Argentina, por um taxista que me devolveu 90 dólares de troco em notas falsas. E se você pretende ir a um estádio de futebol na Europa, saiba que pode haver violência, sim, no caminho e nas imediações dele, sobretudo na Inglaterra, na Holanda, na Itália, na Grécia e na Turquia. Sem contar os incidentes de intolerância: uma mulher de saia e top no Egito será xingada e hostilizada nas ruas. Repito: nada se compara ao Brasil, mas existe, sim, crime no exterior e você precisa ter um mínimo de precaução.
17) Já sei tudo que quero ver lá!
É sempre bom fazer um planejamento das atrações que quer visitar. Economiza tempo e agiliza a viagem. Mas mantenha a mente e o cronograma abertos para novidades que surjam no meio do caminho. Toda viagem é uma descoberta. Às vezes, um amigo, outro turista ou mesmo um funcionário do hotel te indicam algo que não está nos guias e revistas de turismo – e você acaba tendo uma surpresa muito positiva. Só para exemplificar, nas imediações de Orlando, há um lugar que eu nunca tinha ouvido falar e que é muito bacana. Chama-se Winter Park, um subúrbio charmoso, cheio de lojinhas bacanas, cafés, adegas e bons restaurantes – além de lagos bucólicos rodeados de mansões e museus, nos quais você pode fazer um agradável passeio de barco. Já em Nova York, há uma atração que os brasileiros ignoram totalmente, e que é muito bacana – inclusive para a criançada. É o Intrepid Museum, um museu de aviação instalado em um enorme navio porta-aviões em plena área portuária de Manhattan!
18) Não preciso levar dinheiro, tenho cartão
Até algum tempo atrás, essa frase fazia sentido. Mas hoje em dia, com o IOF a 6,38% e muitas operadoras de cartões de crédito usando as cotações mais salgadas do dólar, o “dinheiro de plástico” é apenas para emergências. Ah, e lembre-se que o cartão de débito pré-pago também te joga nesse infame imposto! Por isso, dinheiro vivo é a melhor opção. O ideal é ir comprando seus dólares ou euros aos poucos, com antecedência. Assim, na média, você terá uma boa cotação – pois é uma loteria deixar para comprar tudo de uma vez, pouco antes da viagem. Se o câmbio estiver ruim, você terá prejuízo. Outra coisa importante: com dinheiro vivo não se bobeia. Seja aonde for, deixe só um pouco na carteira e carregue o grosso dele em um cinto especial, daqueles que são vendidos em lojas de aeroporto, e que você esconde dentro da roupa. Aliás, divida as notas em porções iguais para cada viajante adulto – se um perder, os outros ainda têm o restante. E, quando deixar a grana no hotel, é sempre no cofre!
19) Gastar com comida pra quê?
É incrível como ainda existe gente que não vê a gastronomia como parte da experiência de viajar. Conheço várias pessoas que passaram a semana em Nova York só comendo em fast food. Outras vão a Paris e se alimentam apenas de bobagens compradas nas barraquinhas de rua ou nas lanchonetes de museus e afins. Se você é desse tipo, aceite meu conselho e repense a questão da alimentação em viagem. Claro que você não precisa ir todos os dias a um restaurante chique, mas vale a pena reservar pelo menos um almoço e um jantar para ir àquele bistrô ou àquele restaurante estrelado. Sim aquele que está bem cotado nos guias de viagem ou que é famoso por servir pratos inovadores, feitos por um chef célebre. Isso não é dinheiro jogado fora. É uma experiência diferente e uma agradável memória de viagem a mais, que você trará consigo na volta e guardará pela vida toda.
20) Latinos são alegres e amáveis; os outros, não
Na verdade, você também vai encontrar gente carrancuda na Itália, Espanha e Portugal, assim como pessoas bem humoradas e simpáticas na Alemanha, Suécia e Inglaterra. A questão aqui é de outra ordem. O que os latinos têm de mais amigáveis que os germânicos ou anglo-saxões, eles também têm de mais confusos e menos eficientes. E, às vezes, você não precisa de um sorriso, mas sim que as coisas funcionem. Outra coisa que eu percebi depois de muito tempo viajando: alemães, ingleses, suecos e afins podem parecer mais sérios, mas depois de um breve convívio, se você seguir as regras do lugar, eles se abrem e viram “amigões”. Nunca de uma forma tão descontraída quanto a de um espanhol ou um português, mas bem diferente do estereótipo sisudo que temos desses povos. Em tempo: nos Estados Unidos, você encontra de tudo, graças ao multiculturalismo. Os asiáticos são cada um de um jeito. Impossível comparar um tailandês com um japonês. E os eslavos… bem, esses são um caso especial (sei, porque sou casado com uma russa-ucraniana). Em termos de temperamento, os poloneses, russos, tchecos, ucranianos etc. são uma curiosa e divertida mistura de italianos com alemães. Só vendo para crer!
Veja as outras partes:
Muito legal, Paulo! Obrigado pelas dicas!