Nesta semana, escrevo sobre coisas que os brasileiros “aprenderam” sobre viagens ao exterior, mas que nem sempre são verdades. Dividi o post em 4 partes. Aqui vai a primeira!
1) Pra que gastar com hotel bom? Só vou dormir lá…
Essa frase só faz sentido se você é muito jovem, viaja sozinho e tem saúde e disposição para ficar 18 horas por dia acordado. Porque, do contrário, hotel ruim é garantia de estragar sua viagem. Nada pior que ver uma barata no quarto e passar a noite toda com a sensação de que ela veio dormir de conchinha com você. Ou, ainda, encontrar pelos de outras pessoas na pia, toalhas mal cheirosas, restos de comida sob a cama ou ter que ouvir a trilha sonora sexual dos hóspedes do quarto ao lado (sim, eu já presenciei tudo isso). Sem contar aqueles hotéis onde você nunca tem a segurança de encontrar seus pertences ao voltar. Ah, e tem ainda os hotéis de boa qualidade e com bons preços, mas que ficam tão longe das atrações que todo passeio se torna uma maratona de ônibus, metrôs ou taxis. Não se iluda: toda viagem tem aquele dia em que você quer relaxar no hotel – e ás vezes curtir o que ele oferece, como spa, piscinas e restaurantes. Então é isso: você não precisa exagerar, mas um hotel limpo, confortável e bem localizado é essencial.
2) Vou usar ônibus e metrô para ir a todos os lugares!
De fato, há muitas cidades em que o transporte público dá conta do recado: Nova York, Paris, Londres, Berlim, Tóquio, Sydney… Mas em toda viagem, chega um momento em que você está cansado e quer um pouco de conforto. Sobretudo se vai fazer compras e carregar sacolas. Então permita-se usar um táxi. Ou a opção mais recente, o Uber, que funciona muito bem em diversos países. Além disso, há lugares onde depender de ônibus e metrô é uma enorme roubada: Orlando, Miami e Los Angeles, por exemplo. Nesses casos, vale a pena alugar um carro, para ter a chance, inclusive, de pegar a estrada e conhecer os arredores. Isso é particularmente recomendável no caso das pequenas cidades europeias, que têm atrações espalhadas pela zona rural ou municípios vizinhos.
3) Dirigir no exterior é moleza: sou bom no volante!
Não, dirigir fora do país não é tão fácil e você não é tão bom quanto pensa. Aqui em nosso país, nos acostumamos a fazer conversões proibidas, cortar pelo acostamento, furar sinal vermelho de madrugada ou quando não vem carro no outro sentido, parar em fila dupla, estacionar “só por uns minutinhos” onde é proibido etc. etc. etc.. Saiba que a tolerância para essas coisas é quase zero na Europa, nos EUA e em muitos países da Ásia. Eu tenho um amigo que foi multado às 3h da madrugada por passar em um sinal vermelho numa cidadezinha do interior dos EUA, com a rua absolutamente deserta. Eu mesmo tive um carro guinchado em Los Angeles por estacionar num lugar onde só moradores tinham esse direito após as 17h (sim, existe isso lá – eu não entendi a placa). Se você pretende dirigir no exterior, seja muito cauteloso. Até porque, hoje em dia, as multas são debitadas de seu cartão de crédito e qualquer acidente pode lhe custar milhares de dólares e até colocá-lo atrás das grades…
4) Vou conhecer absolutamente tudo nessa viagem!
Esse é um erro clássico. Normalmente, o brasileiro viaja por uma semana e, descontados os dias da ida e da volta, acaba tendo cinco dias de verdade para passear. Pois bem, para conhecer “tudo” em Nova York ou Paris, você precisa, no mínimo, o dobro disso. Caso contrário, vai apenas ver cada atração de modo pra lá de superficial. Só para dar um exemplo, o Museu do Louvre, em Paris, é um programa para dia inteiro – no mínimo. Talvez dois dias, se você realmente curte história e arte. Tudo bem, para algumas pessoas, o que interessa é apenas tirar uma foto da Monalisa para provar aos amigos que esteve lá. Mas, convenhamos, que pensamento pequeno, hein? Eu recomendo criar uma lista de prioridades e tentar aproveitar realmente as mais importantes, com calma e tempo. As outras ficam para depois. Lembre-se: essa não será a última viagem de sua vida.
5) Dane-se a língua do país, eu me viro pra entender!
Na primeira vez em que fui ao Chile, aluguei um carro e, por azar, ele teve um problema mecânico. Telefonei para a locadora e, como eles não tinham loja na cidade onde eu estava, me mandaram levar a um tal de “talhér”. Eu falava: “Devo levar a uma oficina?”. E eles diziam: “No! A la oficina no!” Caramba, se o carro está com problema, por que não queriam que eu levasse a uma oficina? Simples: porque “oficina”, em espanhol, significa escritório. O lugar que conserta automóveis se chama “taller” (talhér). A lição é clara: antes de viajar, vale a pena conhecer um vocabulário básico da língua do país. Coisas como “entrada”, “saída”, “toalete”, “hotel”, “restaurante”, “cuidado”, “socorro”, “esquerda, “direita”, café da manhã, almoço etc…
Veja as outras partes:
Se há uma placa de STOP mesmo que seja dentro do estacionamento vazio de um Wal-Mart às 11 da noite, você PRECISA parar.
Conversão à direita com o semáforo fechado é permitido exceto quando indicado.