Veja como foi minha viagem de 1.300 km pelas principais cidades do estado da estrela solitária. Uma jornada com inigualável sensação de liberdade, digna dos melhores road movies… Aqui, a terceira parte!
Texto e fotos: Paulo Mancha
Comecei minha jornada em Austin, a capital do estado, como você pode ver no primeiro post desta série.
Depois, passei por Waco e Dallas, como você pode ver no segundo post desta série.
O derradeiro trecho da minha road trip pelo Texas foi rumo ao ponto de partida: Houston, em uma viagem de 380 km, que pode ser feita em pouco mais de 3 horas. Mas é óbvio que eu levei muito mais, graças às surpresas do meio do percurso.

Por exemplo, é bacana dar uma parada na diminuta Huntsville, de apenas 40 mil habitantes. Ali fica a gigantesca estátua do fundador da “República do Texas”.
Porque pouca gente sabe, mas o Texas já foi um país independente, após se separar do México e antes de se unir aos Estados Unidos, em 1845. O nome do autor de tal feito? Sam Houston…
Mas a estátua do general Houston é só uma das atrações. Em Huntsville fica o H.E.A.R.T.S. Veterans Museum. À primeira vista, parece mais um dos inúmeros de museus militares que existem nos Estados Unidos. Na frente do prédio, despontam tanques de guerra e aviões de caça.
Mas o próprio estabelecimento rejeita a classificação de “museu militar”, alegando ser um “museu de pessoas”, dedicado aos patriotas que combateram em todas as guerras já travadas pelo país.

Tão interessante quanto é o Texas Prison Museum, que mostra como evoluíram as prisões e a ciência criminal na terra do Tio Sam desde os tempos da colonização.
Inevitável, por exemplo, dar uma paradinha ali para aprender mais sobre célebres malfeitores e fugas espetaculares. Tem desde uma exposição completa sobre a dupla Bonnie and Clyde até reproduções de cadeiras elétricas onde você pode sentar para imaginar o que passa na cabeça de um condenado no corredor da morte…
Guerra, prisões… achou o clima de Huntsville muito pesado? Tudo bem, há um antídoto para isso apenas 70 km à frente. É a idílica Old Town Spring, um dos vilarejos mais encantadores de todo o estado.
Essa cidadezinha de menos de 5 mil habitantes fica no meio de um bosque que pouco ou nada lembra a paisagem árida normalmente associada ao Texas.
Além disso, tem mais de 150 lojas de artesanato, objetos de decoração, antiguidades, presentes, design, obras de arte e tudo mais que possa colorir o cenário.
Houston, a maior metrópole do Texas
Daria para escrever páginas e páginas sobre o que fazer em Houston, cidade vibrante, uma espécie de “capital do sul” (ainda que Atlanta também reivindique esse título).
Em minha jornada, cheguei à cidade no início da noite e dei de cara com um clima de festa: a 500 metros de meu hotel, ficava o pitoresco Minute Maid Park, o estádio do time local de beisebol, o Houston Astros.
Claro que eu, fanático por esportes, corri para a bilheteria e comprei um dos melhores ingressos para o clássico contra os Yankees de Nova York.
Valeu a pena. Não só pelo jogo, mas pela oportunidade de me mesclar aos locais e entender um pouco mais sua cultura e seu modo de viver. E de comer: os hot dogs gigantescos e as porções tamanho família de nachos com queijo e chilli são tradição entre os torcedores por aqui.
Sem falar no estádio em si, que é uma obra de arte: foi erguido – acredite – sobre uma antiga estação de trens do Século 19, preservando boa parte da construção, como o monumental portão principal, por exemplo. Uma verdadeira façanha de engenharia e arquitetura.
Na manhã seguinte, refeito da viagem e da comilança na arquibancada, parti em direção a um rápido tour pelo NRG Stadium, a casa do Houston Texans.
É um dos estádios mais modernos da NFL, sede do Super Bowl LI e de um monte de eventos importantes, seja do esporte, seja do mundo do show business.
Confira o vídeo que fiz lá:
Em seguida, rumei {a mais famosa atração turística de Houston: o Johnson Space Center, a 30 minutos do centro. Trata-se do enorme complexo de pesquisa e controle de missões espaciais da Nasa.
Lembra-se da frase “Houston, we have a problem?” Pois é, foi para os cientistas deste lugar que o astronauta Jim Lovell a proferiu, em 13 de abril de 1970, quando um defeito quase custou a vida da tripulação da nave espacial Apollo 13.
Em Houston, não acontecem os lançamentos de foguetes propriamente ditos. Por isso, confesso que eu imaginava que o lugar fosse pouco interessante. Engano – e dos grandes. O centro espacial de Houston tem, sim, um monte de foguetes e naves espaciais expostos.
Começa na entrada, quando o visitante dá de cara com um Boeing 747 que carrega o ônibus espacial Independence no dorso. Uma visão de arrepiar!
Há ainda uma versão do foguete Saturno V (que levou ao espaço as missões lunares nas décadas de 1960 e 70), assim como quase todos os modelos de cápsulas espaciais já utilizados pela Nasa.
O Johnson Space Center, vale frisar, é totalmente child-friendly. Em outras palavras, se você tem filhos, eles vão se divertir a valer nos displays interativos, jogos e apresentações 3D. Sem falar na parte educativa – dá até para bater papo com astronautas de verdade, principalmente os que estiveram em missões dos ônibus espaciais.
Para mim, o momento mais emocionante foi a visita à antiga Sala de Controle de Missão. Quem assistiu ao sucesso do cinema Apollo 13 certamente se lembra do ator Ed Harris interpretando o diretor da missão, Gene Kranz, naquela sala, de onde saíram as instruções que evitaram a tragédia 46 anos atrás.
Diversão subterrânea
A ciência não é atração só no Johnson Space Center. Houston também é famosa pelo Downtown Aquarium, uma mistura de aquário, restaurante e parque infantil encravada em pleno centro da cidade. Ali, você pode almoçar, apreciar exemplares da fauna aquática do mundo todo, andar de trenzinho pelo complexo com seus filhos e se encantar com os raríssimos tigres brancos que ocupam um nicho todo especial.
“Mas eu não tenho filhos, nem ligo muito para bichos ou ciência”, você pode estar dizendo. Sem problemas. Houston é também um paraíso de compras. Particularmente, eu recomendo um passeio descompromissado pelo Houston Tunnel System – ou simplesmente Downtown Tunnels, como são chamados.
Esse complexo de túneis subterrâneos começou a ser construído em 1930, como forma de permitir aos pedestres caminharem longe do sol e calor inclementes do verão texano. Com o passar das décadas, surgiu um labirinto que liga 95 quarteirões, com 30 saídas para a superfície.
Os túneis acabaram se convertendo em um grande shopping center, com centenas de lojas, restaurantes e alamedas de serviços – sempre lotados na hora do almoço ou no fim da tarde. Muitos hotéis, teatros e grandes lojas de departamentos têm conexões com o sistema, o que facilita o deslocamento.
Por isso, nas últimas horas de minha jornada texana, o carro ficou na garagem. Seja de dia, pelo shopping subterrâneo, seja à noite, curtindo o visual dos arranha-céus iluminados em downtown, o contato direto com essa metrópole cheia de vida garante um fim de viagem cheio de memórias agradáveis. Tão intensas quanto o clima, a tradição e a cultura do Texas.
VEJA AS OUTRAS PARTES:
DE CARRO PELO TEXAS – PARTE 1/3
DE CARRO PELO TEXAS – PARTE 2/3
DE CARRO PELO TEXAS – PARTE 3/3