Um tour esportivo na Irlanda – Parte 1

ONDE O JOGO É PARTE DA HISTÓRIA

A Irlanda tem esportes  incomuns no resto do mundo – e eles são pilares da identidade nacional, assim como parte fundamental da cultura e do turismo 

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Quando o convite para visitar a Irlanda chegou à minha caixa de e-mails, fiquei feliz, mas também intrigado. O órgão oficial de turismo do país – Failte Ireland – havia programado uma viagem em que um pequeno grupo de modalidades esportivas eram as grandes vedetes.

Eu já havia estado em press trips focadas em história, gastronomia, compras, religião… Mas nunca em algo desse gênero. Afinal, o que o esporte poderia ter de tão especial na Irlanda para virar atração turística?

Nos quatro dias em que fiquei no país, tive minha resposta. E ela foi surpreendente. A começar pelo fato de as modalidades preferidas dos irlandeses não serem nem o futebol, nem o rugby ou qualquer outra familiar a nós, brasileiros.

O que leva dezenas de milhares de pessoas aos estádios todos os fins de semana são esportes praticamente desconhecidos do resto do mundo.

Os irlandeses não veem esses esportes apenas como um passatempo. Hurling, camogie e futebol gaélico fazem parte dos chamados “três pilares da identidade nacional

Ou seja, as três coisas que diferenciam os irlandeses de seus vizinhos britânicos: a língua gaélica, a religião católica e os esportes nacionais.

Esse tripé de características foi, no início do Século 20, a base da luta contra a dominação inglesa e pela independência do país. Por isso, a história da nação se confunde com a dos seus esportes, alguns deles milenares, como o hurling, que surgiu – acredite – há cerca de 3 mil anos.

E um detalhe: dos três pilares da identidade nacional, os esportes nacionais são aquele que hoje em dia tem mais força e relevância no dia a dia dos irlandeses.

Isso porque, apesar de muito orgulhosos de sua língua-mãe, os irlandeses falam inglês quase o tempo todo. A mesma coisa acontece com a religião: no dia a dia, estão longe de ser um povo afeito aos cultos e à devoção, por mais que façam questão sempre de dizer que são católicos.

Mas no caso dos esportes, a coisa é diferente. Discurso e prática se encontram.

As finais dos campeonatos de futebol gaélico e hurling são festas que param o país. Estão para a Irlanda como o Super Bowl para os EUA ou uma final de Copa do Mundo para nós, brasileiros.

Costumam lotar os 83 mil lugares do icônico Croke Park (falarei dele na parte 2 da reportagem), em Dublin.

Os jogos decisivos, vale dizer, estão intimamente ligados ao turismo interno, já que gente de todo o país vem a capital Dublin.

Só para ter ideia da força desses esportes para nós desconhecidos, a média de público nos jogos do futebol gaélico superior à do Campeonato Brasileiro de Futebol – cerca de 20 mil pagantes por partida.

Um número ainda mais surpreendente se considerarmos que se trata de um esporte amador e que o campeonato é disputado por nada menos que 33 clubes na sua divisão principal, a maioria deles de cidades minúsculas.

Se você está curioso sobre como são esses esportes, veja os vídeos abaixo. E confira na parte 2 da reportagem mais sobre Dublin e suas atrações turísticas e esportivas.


Hurling

Esporte milenar dos Celtas, jogado com um taco (o hurley) num campo de grama. Mistura habilidades do hockey na grama, do lacrosse e do beisebol. É um esporte incrivelmente rápido e técnico. O sistema de pontuação é igual ao do futebol gaélico: Um tiro bem sucedido no gol vale 3 pontos. Um tiro bem sucedido no meio das traves altas vale 1 ponto.

(CLIQUE NO VÍDEO PARA VER COMO É O JOGO)


Futebol Gaélico

Lembra o futebol, mas nele se pode carregar a bola com as mãos. A cada 4 passos é obrigatório pingar a bola no chão ou no próprio pé (chutando de volta para as mãos). Faz-se isso alternadamente (pingar e chutar). Para passar a bola, não é permitido simplesmente jogá-la, mas sim dar um soco nela. Um chute bem sucedido no gol vale 3 pontos. Um chute bem sucedido no meio das traves altas vale 1 ponto. 

(CLIQUE NO VÍDEO PARA VER COMO É O JOGO)


(Veja as outras partes da reportagem)

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Publicado por Paulo Mancha

Jornalista especializado em turismo, foi editor chefe da Revista Viajar pelo Mundo e repórter das revistas Terra e Próxima Viagem. Desde 2003, fez mais de 50 reportagens internacionais e, em 2012 e 2014, foi agraciado com o Prêmio de Melhor Reportagem da Comissão Europeia de Turismo. Comentarista esportivo do canal ESPN, Paulo decidiu unir neste blog as duas paixões: viagens e esportes.

2 comentários em “Um tour esportivo na Irlanda – Parte 1

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