Por que você deve incluir o esporte na sua viagem

Sempre que se viaja em grupo, seja com amigos ou família, há aquela pessoa que torce o nariz para atrações esportivas. Mostre este texto a ela!

“Ir a um estádio ver jogo, Mancha? Ah, por favor, né… prefiro gastar meu tempo com coisas culturais…”

Sim, amigos, eu ouvi esta frase de um conhecido. E teria esquecido dela se não percebesse posteriormente que esse pensamento é mais comum do que parece.

Antes da pandemia, eu frequentava muitos eventos do setor de turismo: feiras, seminários, coquetéis etc.. Espero voltar a eles em breve! Nessas ocasiões, sempre que falo deste blog, o “Viajando por Esporte”, tem alguém que olha com aquela cara de espanto, como se o turismo esportivo fosse uma coisa sem nexo.

Twickenham Stadium – Londres

Você, que está lendo este post, pode se deparar com quem concorde com o autor frase lá em cima. Pior ainda se essa pessoa “antiesportiva” for da sua família e tiver o poder de vetar os seus planos numa viagem pela América do Norte ou Europa.

Na verdade, o preconceito do brasileiro com o turismo esportivo nasce do fato de que essa atividade quase não existe no Brasil.

Falemos a verdade: são raríssimos em nossos país os museus de esportes. Quase não há tours de estádio.  E assistir a qualquer competição in loco é garantia de algum desconforto – seja com o transporte público, com o trânsito, com a falta de estacionamento, com os flanelinhas, trombadinhas, cambistas, arruaceiros etc..

É até compreensível que seu pai, irmão, irmã, namorado, namorada ou mãe não entendam porque você quer ver esportes lá na gringa.

Circuit of The Americas – Austin – Texas

Acontece que nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa, a coisa é diferente.

Em qualquer canto tem um “hall da fama” ou museu esportivo de qualidade. A maioria dos estádios e ginásios oferece tour guiado quando não tem jogo . E a experiência de ir a uma partida é, em geral, confortável, segura e agradável, se comparada ao que temos em nosso país.

Nunca me esqueço da primeira vez em que fiquei hospedado na casa de amigos, em Phoenix, nos EUA, quando eles me perguntaram se eu preferia ir a uma peça de teatro, a um filme no cinema ou a um jogo de beisebol.

Eu simplesmente nunca havia imaginado um esporte “concorrendo” com atrações culturais. Mas é isso que acontece lá. Porque todos estão no mesmo nível de conforto e facilidade.

“Ah, Mancha, mas a prioridade de uma viagem deve ser museus, lugares notáveis e atrações culturais”.

Rogers Centre – Toronto

Concordo. Mas aí entra outro paradigma a ser quebrado. Frequentar um estádio no exterior é, sim, um programa cultural para nós, brasucas.

Tomemos como exemplo os Estados Unidos. Em raras oportunidades você vai ver o americano tão integrado ao seu “habitat”, agindo como estadunidense típico. Da comida que ele compra ao jeito de se vestir. Do comportamento na fila de entrada ao modo como ele comemora um touchdown, home run, cesta ou gol. Do tailgate que ele preparou antes do jogo às bugigangas que ele comprou na hora de ir embora – tudo isso é novo e legal de conhecer.

Você não verá isso na Estátua da Liberdade ou em Hollywood, onde, na verdade, há muito mais estrangeiros que ianques.

Até hoje eu me surpreendo com alguns costumes deles, vale dizer. Por exemplo, quando toca o hino nacional, absolutamente todo mundo fica em posição de sentido. Não estou falando só da arquibancada. O cara que está lá atrás servindo seu hot dog para tudo o que está fazendo e respeita o hino.

Yankee Stadium – Nova York

O mesmo vale para o atendente da loja de suvenires, o policial, o faxineiro, o funcionário da catraca e, claro, os torcedores que ainda estão entrando no estádio. Todo mundo para onde estiver e canta o hino nacional de forma respeitosa.

Presenciar isso tudo é cultura. É conhecimento adquirido!

“Mas e os jogadores da NFL que protestam durante o hino?”

Pois é, mais um fato que reforça meu argumento: o esporte é uma forma de conhecer o país – inclusive as questões mais atuais e polêmicas, seu contexto social e político.

Não há nada de “fútil” em ir a um jogo, museu, tour de estádio ou hall da fama. Você SEMPRE sairá de lá enriquecido culturalmente.

Stade Velodrome – Marselha – França

Bem, meu último conselho é: quando a pandemia acabar e você voltar a viajar, mostre este texto ao detrator que não quer incluir nenhuma atração esportiva no roteiro. Se ele ou ela não mudar de ideia, espere até alguém do grupo falar em “tarde de compras”. E então dispare seus canhões!

Porque é mais fácil Mitchell Trubisky ser eleito MVP na NFL do que alguém provar que um outlet cheio de estrangeiros correndo atrás de produtos chineses é “atração cultural”…24


Nosso mascote Parmesolino torcendo para os Chiefs no Super Bowl

Publicado por Paulo Mancha

Jornalista especializado em turismo, foi editor chefe da Revista Viajar pelo Mundo e repórter das revistas Terra e Próxima Viagem. Desde 2003, fez mais de 50 reportagens internacionais e, em 2012 e 2014, foi agraciado com o Prêmio de Melhor Reportagem da Comissão Europeia de Turismo. Comentarista esportivo do canal ESPN, Paulo decidiu unir neste blog as duas paixões: viagens e esportes.

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