Semana passada, você viu aqui a face tradicional da cidade. Hoje, um lado diferente, mais chique e moderno. Aquilo que nem sempre os guias de viagem indicam!
Texto e fotos: Paulo Mancha (exceto quando indicado)
Se na parte 1 desta reportagem você teve a impressão de que Jerusalém é um lugar totalmente voltado ao passado, saiba que não é bem assim. O passeio pela região de Mamilla – uma das mais badaladas – revela cenários surpreendentes.
Como o calçadão conhecido como Alrov Mamilla. Trata-se de um elegantíssimo shopping center a céu aberto, com 610 metros de extensão e mais de 140 lojas, galerias de arte, spas, restaurantes e cafés. Tudo instalado em edifícios do Século 19, mas renovados e em estado de conservação impecável.
Essa área que já foi decadente nos anos 1970, passou por um processo de recuperação nas décadas seguintes e hoje é um must para quem visita Jerusalém.
Ao longo do boulevard, que termina no Portão de Jaffa, obras de arte se espalham pelo caminho, assim como artistas de rua e outros contratados pela prefeitura para apresentações de excelente nível, sobretudo no verão.
Há um clima de festa dia e noite, com todo tipo de gente passeando ou descansando nas escadarias de acesso: de famílias árabes mais abastadas a jovens estudantes judeus, de mochileiros europeus aos típicos turistas americanos, de grupos imensos de chineses a jornalistas brasileiros boquiabertos…
DE PATINETE POR AÍ!
O bairro de Mamilla, convém ressaltar, foi escolhido para abrigar alguns dos mais charmosos hotéis de Jerusalém, como o David Citadel, com sua piscina esplendorosa, que merece uma visita, mesmo se você não se hospedar por ali.
Outra hospedagem de destaque é aquela que leva o nome do próprio bairro: Mamilla Hotel. Situado a 10 minutos de caminhada do Portão de Jaffa, este hotel de design é charmoso e confortável, com piscina coberta aquecida e um spa de estirpe, o Akasha.


Nesse hotel está instalado o bar e restaurante com a vista mais bacana da cidade. É o The Roof Top, que como o próprio nome diz, fica na cobertura do edifício, em uma área ampla, com visão panorâmica da boa parte da área histórica de Jerusalém.
Não existe um local tão agradável para o happy hour, ao som de jazz, com direito a sofás confortáveis, drinques contemporâneos e um cenário único ao seu dispor. Sem falar na culinária intrincada, com pratos como o badejo grelhado com nabo glaceado, repolho do tipo kohlrabi e alho negro…
Por falar em contemporâneo, um jeito bastante moderno de conhecer a região central é o passeio da Zuzu Tours, que usa o Segway – aquele patinete motorizado que economiza tempo e esforço.
Nos dias mais quentes, ele é uma bênção! O passeio dura 1h45 e segue por recantos belíssimos como o jardim Bloomfield, a Torre YMCA e o icônico Hotel Rei David- que além de sua notável arquitetura, ganhou fama por ter sido palco importantes fatos na história de Israel.
Com guias divertidos, que falam diversas línguas, o passeio de Segway segue até o Goldman Promenade – um dos mais fascinantes mirantes da capital israelense. Dele, pode-se avistar o Monte das Oliveiras, a Cidade Velha e o Monte do Templo.
Também passa por um parque muito especial: o Sultan’s Pool, onde todos os anos, em junho, óperas são encenadas ao ar livre. Essa é provavelmente a melhor época do ano para visitar a cidade.
E nesse amálgama de antigo e moderno, de tradicional e inovador, um lugar imperdível é o Museu de Israel. Fundado em 1965 e totalmente remodelado em 2010, ele une tecnologia a achados históricos e artísticos dos mais empolgantes. É um dos maiores do mundo em termos de arqueologia bíblica, com artefatos originários de todos os continentes.
Você encontra desde estátuas romanas da Antiguidade até quadros de pintores célebres do Século 20, como René Magritte. De artefatos egípcios com quatro mil anos de idade até obras de Paul Klee, da década de 1920. De sarcófagos da Idade do Bronze até joias provenientes do Império Otomano no Século 19.

Graças à tecnologia, o museu conseguiu criar um modelo em escala da Jerusalém da época do Segundo Templo, no Século i. Ele revela minuciosamente a topografia e a arquitetura da cidade como ela era quase dois milênio atrás.
Mas duas atrações são mais procuradas pelos visitantes. Uma é a Venus de Berekhat Ram – com mais de 50 mil anos de existência e, por isso mesmo, considerada por muitos a mais antiga obra de arte cunhada pelo ser humano. A outra são os Manuscritos do Mar Morto, uma coleção de textos achados por acaso em cavernas de Qumran, no Mar Morto, nas décadas de 1940 e 50. Eles revelam muito sobre como era vida dos judeus nos tempos de Jesus Cristo.
O MUNDO NO SEU PRATO
A gastronomia é um capítulo à parte. É preciso lembrar, antes de tudo, que Israel é um país de imigrantes. Judeus dos quatro cantos do mundo vieram morar na antiga palestina a partir do final do Século 19. Depois da fundação do país, em 1948, o influxo de imigrantes aumentou ainda mais. Por isso, os restaurantes de Jerusalém são multifacetados, cosmopolitas e inovadores.
As influências culinárias vão desde os temperos mediterrâneos da Espanha até os ensopados típicos de países eslavos e germânicos. Sem contar, claro, os sabores milenares da própria região, expressos na tradicional culinária hebraica, assim como na beduína.
E não faltam opções para todos os bolsos – a começar pelas pequenas lanchonetes que vendem falafel (bolinhos fritos de grão-de-bico) e shawarma (carne de cordeiro ou peru assada e cortada em fatias, com o legumes e pão pita).

Mas há também restaurantes de estirpe, relacionados nos guias mais conceituados. Uma dica para brasileiros é o The Eucalyptus, do chef Moshe Basson – um premiado adepto do movimento Slow Food, que, apesar de todo sucesso, revela extrema humildade e – o melhor de tudo – adora nosso país (volta e meia vem ao Rio e a São Paulo participar de grandes eventos gastronômicos).
O restaurante tem um cardápio todo inspirado em passagens bíblicas. Um dos pratos mais famosos é o King Solomon Couscous (“Cuscuz do rei Salomão”), feito com ervilhas, alho-poró, peixe fresco do Mar Vermelho ou cordeiro grelhado.
É garantia de satisfazer o paladar e ter uma excelente acolhida.
DICAS DO PARMESOLINO
GRANA… A moeda é o Novo Shekel (NIS), que vale cerca de R$ 1,60. “Não faça como o meu humano, que trocou metade do dinheiro no aeroporto e a outra metade na área turística da Cidade Velha. Câmbio horrível! Troque em casas de câmbio de Mamilla ou outras áreas ‘normais’ da cidade”, recomenda o mascote metido a Bettina da Empiricus…
A HORA E O DIA... Jerusalém tem 5 horas a mais em relação a Brasília. E um calendário semanal diferente do nosso. Tudo abre normalmente no domingo, mas… “Fique ligado no tal do shabat, porque muita coisa fecha nesse dia”, alerta o mascote, referindo-se período que vai do pôr-do-sol da sexta-feira até o pôr-do-sol do sábado.
BUROCRACIAS… Brasileiros não precisam de visto nem vacina para viagens de turismo, só de passaporte válido por pelo menos seis meses. “Mas durante essa %$#% de pandemia da Covid-19, tá tudo alterado…”, reclama o mascote. Por isso, verifique o site oficial de turismo do país: https://goisrael.com.br
E O CALOR?… Os melhores meses para visitar Israel são abril e maio, quando a temperatura é amena, chove pouco e há menos gente. “Céloko que eu vou pra lá entre junho e agosto… calor dos infernos e um monte de humanos lotando tudo!”, exagera o mascote… De dezembro a fevereiro, a temperatura cai bastante e pode chover.
SURFA AÍ… goisrael.com.br
CURIOSIDADE… “Os israelenses adoram os americanos. E como o meu humano também adora os americanos, ele adorou os israelenses… Ou algo assim… Veja na foto o principal motivo!“