Será que assistências de viagem funcionam mesmo? Não é dinheiro gasto à toa? Confira a minha experiência e decida!
Eram 3h30 da madrugada quando uma palavra veio à mente e gelou meus ossos: infarto. Na minha idade, ele costuma ser rápido e fatal.
Só então percebi o erro número 1 de uma série que eu cometeria: fazia uma hora e meia eu me debatia na cama, com uma dor crescente no peito, achando ingenuamente que “logo passaria”.
Mas não passou. E foi assim, com falta de ar e pontadas no peito, que comecei a vasculhar minha bagagem em busca dos papéis do “seguro de saúde em viagem” – aquela coisa que a gente faz meio contra a vontade, sem dar muita importância, às vezes porque é obrigatório (como no caso de viagens para países da Comunidade Europeia).
Mas voltemos à dor no peito… Pela janela do hotel, situado no centro de Mendoza, na Argentina, eu via a cidade dormindo. Pensei: “Pelo menos não haverá demora para chegar até o pronto-socorro”.
Cadê a papelada?!!!
A demora, porém, era para achar a papelada do seguro. Esse foi o meu erro número 2: na era do smartphone e do tablet, é muito mais inteligente deixar os dados do seguro neles do que em uma folhinha de papel perdida entre roupas, vouchers de hotel, anotações de trabalho ou escondida naquele bolso da mala que você nem lembra que existe.
Finalmente achei a papelada e liguei para o seguro.
Aqui, foi um acerto, que me economizou tempo e dinheiro: ter o Skype instalado no celular. Porque a maioria dos seguros exige que você telefone para o Brasil ou para os Estados Unidos. Usar o telefone do hotel, além de custar uma fortuna, pode ser pra lá de estressante – alguém entende todas aquelas instruções de como fazer ligações internacionais? Na hora da emergência, quando você está nervoso, fica mais complicado ainda.
Atendente atenciosa – Meu seguro, contratado junto à Vital Card, funcionou bem nesse momento. Mesmo sendo madrugada, fui prontamente atendido por uma operadora que falava português e que reuniu os dados rapidamente para dar início ao processo.
Mas aqui surgiu outro problema. Os operadores sempre precisam de algum tempo para descobrir qual o hospital conveniado mais próximo e confirmar se ele está funcionando e se atende seu tipo de emergência. Comigo, foram 15 torturantes minutos – afinal, era madrugada e eu estava numa cidade não lá tão grande, num país famoso por sua burocracia…
Eu poderia, é verdade, ter me dirigido a qualquer pronto-socorro e, depois de atendido, pedir um recibo, para posteriormente requerer um reembolso. E aqui surge o erro número 3: eu não havia lido a apólice de seguro e não tinha certeza se essa opção estava disponível no meu caso.
Por isso preferi esperar e ser atendido diretamente onde eu não precisasse tirar um tostão do bolso.
Rumo ao “Hospital Español” – Finalmente, quase às 4h da manhã, recebi a indicação para me dirigir ao Hospital Español, a 4 quilômetros do hotel. Peguei passaporte, uma boa quantia em pesos (para alguma eventualidade) e voei para o táxi.
Aqui foi o erro número 4: não avisei ninguém do hotel. Ou seja, se tivesse que ser internado, nenhuma pessoa ficaria sabendo, nem hotel, nem parentes, nem os colegas de trabalho.
Uma vez no hospital, a despeito do aspecto “anos 60”, o atendimento foi exemplar: eletrocardiograma imediato, que afastou a hipótese de ataque cardíaco.
E, então, uma bateria de exames complementares, que eliminaram outras doenças graves, deixando como hipóteses problemas que poderiam ser perfeitamente tratados no Brasil, sem tanta urgência.
Aliás, a dor passou de repente, enquanto eu esperava os resultados dos exames! Eu viria a descobrir depois que tinha sido uma pedra na vesícula, que acabou sendo expelida naturalmente, ainda no hospital.
Voltei para o hotel às 6h da manhã, bastante aliviado e, o que é melhor, sem ter que abrir a carteira.
A economia? Veja só:
Isso porque foi uma coisa simples, que nem sequer demandou tratamento ou internação! Ou seja, o seguro vale a pena, sim!!!
As lições, aliás, foram várias:
1) Ler atentamente a apólice e tirar as dúvidas antes de sair do Brasil. Eu não fiz isso e perdi minutos que poderiam ter sido preciosos para minha vida.
2) Não esperar o problema piorar para acionar o seguro – pode ser tarde demais.
3) Usar a tecnologia: guardar os vouchers de seguro e demais documentos no smartphone, tablet ou notebook e saber manipular tudo isso com presteza.
4) Avisar a recepção do hotel ou qualquer outra pessoa. E levar sempre consigo documentos e dinheiro.
No mais, não entrar em pânico e saber que esses imprevistos também acontecem com a gente.
2 comentários em “Vale a pena fazer o “seguro de saúde”?”