Por um pouco de cultura em nosso turismo-Parte 2

Para completar meu polêmico post do fim de semana, uma lista de quatro atrações histórico-culturais subestimadas no Brasil

Coluna Capitolina (Natal – RN)

Coluna-Capitolina_Allan PatrickUm pedaço da Roma Antiga em pleno Nordeste brasileiro. A Coluna é originária do Capitólio de Roma. Chegou a Natal em 1931, como um presente de Mussolini. A ideia era agradecer pelo tratamento caloroso e hospitaleiro dado aos aviadores italianos Carlo Del Prete e Arturo Ferrarin, protagonistas de um inédito e aventureiro voo de 49 horas, sem escalas, entre a Itália e o Brasil.

A Coluna está em bom estado de conservação, nos jardins do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Mas muito pouca gente a conhece, mesmo dentre os natalenses.

Quando a visitei, alguns anos atrás, uns senhores idosos que passam os dias no Instituto (muitos deles professores aposentados) se espantaram com o meu interesse. “Muito difícil ver turistas por aqui”…

Onde: Instituto Histórico e Geográfico – Rua da Conceição S/N, Natal – RN
Quando: De segunda a sexta, das 10h às 16h.
Entrada: Gratuita
Guias e informações: Não tem. Você pode tentar bater papo com os professores e pesquisadores. Quem sabe…
Website: Não tem


Sambaquis de Garopaba (Garopaba – SC)

sambaqui GaropabaQue tal um sítio arqueológico com artefatos de 7 mil anos debaixo dos seus pés? Pois isso é o Sambaqui da Ponta da Garopaba Sul, localizado no Município de Jaguaruna (SC).

Um sambaqui é um enorme acúmulo de conchas, sedimentos, ossos e outros componentes, feito pelo ser humano ao longo de décadas ou séculos. Infelizmente, quase sempre parecem – por fora – apenas uma duna. Por isso, costumam ser destruídos facilmente.

Sambaqui_Figueirinha_credito Thigruner
Sambaqui em Garopaba

Em Garopaba está o maior do mundo, com  30 metros de altura e 200 de diâmetro, e guarda em seu interior, segundo os pesquisadores, inúmeras informações sobre como vivam os paleoíndios – humanos que antecederam os indígenas brasileiros.

Cerâmica_de_sambaqui
Cerâmica achada em sambaqui

Quando visitei, pude
testemunhar o desespero de arqueólogos, paleontólogos e biólogos ao dividirem seus preciosos locais de escavações e estudos com o público em geral, que nem tem ideia de onde está pisando –  e que acaba destruindo esse patrimônio sem às vezes nem saber…

Onde: Garopaba – SC,
Quando: Diariamente, 24h
Entrada: Visitação livre
Guias e informações: Não tem. Torça para haver cientistas por ali; eles acabam sendo seu “guia turístico”, mostrando achados etc..
Website: Não tem


Castelo de Garcia D’Avila (Praia do Forte – BA)

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Castelo de Garcia D’Ávila – Foto: Adam Jones

Visitei esse lugar pela primeira vez em 2001. Saí de lá consternado com o abandono que vi. Uma construção com quase cinco séculos às traças, se despedaçando, sem qualquer cuidado público ou particular.

Pois bem, hoje, decidi pesquisar o estado do Castelo de Garcia D’Ávila e percebi que as coisas melhoraram, mas bem pouco. Basta ver as opiniões no TripAdvisor.

O castelo começou a ser construído em 1551 e foi terminado em 1624. Foi a maior edificação portuguesa erguida no Brasil até meados do Século 17.

Atualmente, existe uma entidade que, aparentemente, gerencia o lugar, a Fundação Garcia D’Ávila. Mas só pelo site, confuso, incompleto e desatualizado, já dá pra ver que a coisa não vai lá muito bem (quem não atualiza um mísero website vai meter a mão na massa para preservar ruínas históricas?).

imperdivel-garcia-davila

Onde: Praia do Forte (Mata de São João – BA)
Quando: Diariamente, das 09h às 17h
Entrada: R$ 10
Guias e informações: Não tem guias oficiais, mas sim “informais” que ficam por ali e possuem conhecimentos vagos.
Websitehttp://www.fgd.org.br (incompleto e desatualizado)


Museu Casa de Portinari (Brodowski – SP)

20160320_163224Pensei muito antes de incluir a Casa de Portinari neste post. Porque, na verdade, trata-se de um lugar muito bem cuidado e preservado. Um museu de nível de primeiro mundo, dedicado a um dos principais artistas brasileiros de todos os tempos.

A visita que fiz algumas semanas atrás me deixou empolgado com tudo que vi: um acervo lindo, muito bem montado, com recursos tecnológicos, guias bem preparados e conservação perfeita. Ah, e com um site excelente.

20160320_162143Por que então usar o museu Casa de Portinari neste post tão cáustico? Simples: porque, exceto pela Secretaria de Cultura do Estado de SP, ninguém divulga, ninguém valoriza, ninguém conhece.

Vasculhei os sites da Secretaria de Turismo e outros de órgãos oficiais de turismo e as menções são vagas e difíceis de achar.

Nem precisava tanto. Basta dizer que eu, paulista orgulhoso que sou, habitante deste estado há mais de 40 anos e fanático por museus, não tinha nem ideia de que ele existia. Uma pena, um acervo lindíssimo desconhecido por falta de um marketing mais efetivo.

Onde: Praça Candido Portinari, nº 298 –  Brodowski (SP)
Quando: De terça a domingo, das 9h às 18h
Entrada: Gratuita
Guias e informações: Tem guias bem preparados e muita informação, inclusive totens eletrônicos de última geração
Websitehttp://museucasadeportinari.org.br


Tem mais exemplos? Coloca aí nos comentários!


Fotos: Paulo D’Amaro / Divulgação

Publicado por Paulo Mancha

Jornalista especializado em turismo, foi editor chefe da Revista Viajar pelo Mundo e repórter das revistas Terra e Próxima Viagem. Desde 2003, fez mais de 50 reportagens internacionais e, em 2012 e 2014, foi agraciado com o Prêmio de Melhor Reportagem da Comissão Europeia de Turismo. Comentarista esportivo do canal ESPN, Paulo decidiu unir neste blog as duas paixões: viagens e esportes.

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