As notícias são duras e tristes, mas a Cidade Luz sempre mantém seu estilo e seus lindos segredos – especialmente em suas galerias e passagens
Por Flávia Pegorin*
Quando o mundo parece um lugar ruim, cheio de defeitos, é natural que a gente pense nos recantos mais lindos dele e planeje uma fuga pra lá. As praias da Polinésia, as paisagens da Califórnia, a alegria da Austrália… E, sim, os encantos de Paris.
E então Paris se torna o alvo e um desalento atropela o coração de quem adora esse mundo.
Mas Paris já passou por poucas e boas. Paris sempre se reergueu – e, desde a Revolução Francesa, nunca abandonou aquilo de que seu povo mais se orgulha: seus ideais de liberdade. É com isso em mente que escrevo essas linhas aqui.
Fico vendo na TV muitas pessoas contando os números da tragédia humana; e outras, envolvidas de modos diferentes, falando sobre “como é chato ser turista e estar na cidade quando, ó, o Museu do Louvre está fechado ou não se pode subir na Torre Eiffel”.

Bom, tenho a dizer o seguinte: para ver Paris e conhecê-la, Louvre, Torre e outros símbolos são apenas símbolos mesmo.
Ver Paris tem que ser mais que isso. Quem vai até a Cidade Luz, mesmo em tempos mais calmos que esses, não apenas pode como deve fugir um pouco dos emblemas e circular por lugares menos conhecidos – mas que dizem muito sobre a capital dos franceses.
As galerias, por exemplo. Não, não aquelas lojas de departamentos do Boulevard Haussman cheias de produtos caros. Falo das ‘passages’, pequenas galerias que são como ruelas fechadas e salpicadas por lojinhas, bistrôs, tesouros do comércio francês que quase não expõem artigos de marca e temporadas de liquidações, mas sim um bom bocado do estilo de vida francês.
Muitas das passagens já contam quase 200 anos de vida. A maioria não consta em guias de turismo ou menos nos mapas mais padrões da cidade. Mas estão lá, com suas portas abertas (no horário comercial, claro… e às vezes com a plaquinha de ‘volto logo’ pendurada por algumas horas pelo dono da loja).

Têm em comum a arquitetura ímpar, belíssima, de tetos trabalhados às vezes em armações de vidro, às vezes fechados com ornamentos, e chãos recortados por mosaicos ou pisos mais novos, mas ainda charmosos.
O espírito também é parecido. Um clima de ‘viagem no tempo’ permeia das galerias e passagens parisienses, como se ali dentro estivéssemos de volta à Belle Époque ou outro período há muito passado, comprando material de desenho na papelaria ou um lustre para a sala ou puxadores rebuscados para as gavetas do nosso estúdio vizinho de Picasso ou Modigliani.
São mais de dez as passagens boas para visitar em Paris. E com certeza duas ou três delas recebem quem chega com muito estilo.
É o caso da Passage du Grand Cerf, por exemplo – localizada no 2º arrondissement, bairro de Montorgueil, próxima à Rue Saint-Denis. Foi aberta em 1825 como parte de um hotel (fechado poucos anos depois) e seu teto de vidro fica ainda mais bonito quando a noite vai chegando. Ali estão, por exemplo, lojinhas de joias de ótima qualidade e design – um souvenir de verdade para levar da capital.

Outra joia parisiense é a Galerie Colbert (uma ‘rival’ da galeria do outro lado da rua, já falaremos dela). A Galerie Colbert, de 1823, é curta, pertence à Biblioteca Nacional de Paris e não possui lojas, mas espaços usados por órgãos municipais de cultura. Ainda assim, é um passeio lindo – especialmente a área da rotunda com um domo de vidro que faz dela um monumento histórico em art nouveau.
E então a ‘rival’, talvez a mais celebrada e bem-dotada de Paris. A Galerie Vivienne fica na rua de mesmo nome, também é de 1823 e está em uma área turística – mas, ao mesmo tempo, resguardada pelo Palais-Royal e prédios seculares, é uma ilha de paz.
Os mosaicos dos corredores são um encanto discreto perto de butiques já famosas, salões de chá, lojas de vinhos, livrarias antiquíssimas, um restaurante gostoso e tudo mais.
Ainda assim, não se trata do quê se compra ali, mas de estar ali. Uma visão diferente da Paris dos guias e, com certeza, da Paris que hoje está nos noticiários – mas que é e sempre será a eterna Paris da liberdade de ir, vir e tomar um café com docinho no meio.
FLÁVIA PEGORIN é jornalista especializada em turismo e gastronomia – mas gosta de praticar bons textos no dia a dia também. É torcedora fiel do São Paulo FC, do New York Jets, do Boston Red Sox, do Chicago Bulls e da seleção feminina de curling da Suécia. Escreve semanalmente no Viajando por Esporte para dividir todas as suas viagens.
Fotos: Flávia Pegorin / Lieu Song / David Pendery / MBZT
Adorei estas informações para a minha viagem! Eu sempre tive um sonho de fazer um intercâmbio na França com um curso de francês em Paris e em breve realizarei o meu sonho. Espero que o meu intercâmbio em Paris seja maravilhoso e estas informações aqui vão servir muito para o meu curso de francês na França. Muito legal as dicas e também vou compartilhar a dica da escola onde vou estudar, Sprachcaffe: http://www.sprachcaffe.com/portuguese/study_abroad/language_schools/paris/main.htm