Waldorf Astoria… e História!

Saiba como é a experiência de se hospedar em um dos mais antigos e luxuosos hotéis do mundo

Por Flávia Pegorin*


É fato que muita gente viaja em busca de cidades com um passado. Conhecer capitais europeias ou grandes centros asiáticos permite facilmente esse tipo de turismo – seja em museus, praças ou até ruazinhas com séculos de vida.

É o tipo de viagem que encanta, ensina e diverte. E, se a gente puder respirar história e ainda deitar em uma cama confortável ou pedir um jantar completo pelo telefone, não fica melhor ainda? Por isso eu decidi me hospedar em uma “pedra fundamental” norte-americana.

Conhecer o hotel Waldorf Astoria é como fazer um intensivão pela história de Nova York.

Oficialmente, o prédio onde ele funciona hoje, na Park Avenue, foi inaugurado em 1931 – mas o Waldorf Astoria original nasceu em 1893 perto dali, na Quinta Avenida com a rua 33.

Ele já tinha, portanto, quase uma década de existência quando a cidade viveu um boom de hotéis imensos, como o Knickerbocker, o Plaza e o St. Regis, e, nos anos 1920, o Waldorf já era visto como datado.

Daí a mudança para a Park Avenue em um prédio gigantesco de 47 andares em art deco pegando um quarteirão inteiro e portando mais de 2.000 quartos.

Ícone do luxo – O hotel nasceu e viveu sempre sob essa fama de ícone do luxo em hospedagem. Imagina: um hotel que foi construído com uma estação própria de trem, a chamada Track 61, que foi usada até os anos 1940 para transporte de figuras como o presidente americano Franklin Delano Roosevelt quando ele vinha da Grand Central Station até o hotel.

Foi lá também que surgiu algo muito comum hoje: o serviço de quarto (e a salada servida com maçãs, aipo, castanhas e maionese ganhou para sempre o nome de Salada Waldorf mundo afora).

Aí todo o passado glorioso foi muito lindo e rico, mas, para isso, a cada dez ou vinte anos o Waldorf Astoria passou por diversos donos e renovações.

Na década de 1970, ele se tornou parte do conglomerado Hilton e, no ano passado, foi vendido para um grupo chinês por US$ 1,95 bilhão, a mais cara transação hoteleira da história.

História. Muita história – Tudo sobre o Waldorf Astoria puxa a palavra “história” (até permite uma rima). E aqui começa um relato mais pessoal: foi toda essa história que me fez arregalar os olhos para o site de reservas quando, nas pesquisas para a viagem de férias em julho passado, vi o hotel surgir na tela com um preço pra lá de convidativo: US$ 290 a noite.

Para Nova York, é um valor bastante razoável em qualquer hotel de cadeia na barulhenta Times Square. Que dirá um hotel do calibre do Waldorf?

Cliquei no botão de reserva crente que pipocaria uma janelinha dizendo “Te pegamos, esse preço não existe e esse hotel histórico não é para o seu bico”. Mas não foi assim.

Foi que a reserva aconteceu e, no tal julho, desembarquei em família na porta desse sonho hoteleiro.

Sonho realizado – Um cinco estrelas na Park Avenue que se abre, passada a porta-giratoria, em um lobby nababesco de mármore branco e arranjos de flores frescas para todo lado.

Mas esse é só o primeiro: o lobby seguinte é ainda mais suntuoso. A iluminação clara do primeiro dá lugar à meia-luz classuda do segundo, no centro do qual um relógio de carrilhão com mais de um século marca os quartos de hora.

A recepção é o que se pode esperar do Waldorf. Todos os funcionários são extremamente gentis e bem treinados, mesmo abrindo exceção para quase nada (e, mesmo chegando no voo das 7h, entramos no quarto só às 15h mesmo).

A entrada no quarto, afinal, deveria ser o clímax, não é? Bom, nem tanto. O nababo da chegada não sobe exatamente os 47 andares das torres – e nós não estávamos em uma das suítes que batem os US$ 10 mil a noite.

Os quartos standard são apenas corretos; bem equipados, mas não imaculados (como aquela tomada quebrada que me meteu medo por uma semana… odeio levar choque); limpos, mas sem grande charme. Certinho. Não passam para a história, sabe?

Vizinhança “chique” – A graça do Waldorf Astoria também não está no entorno. O “miolo” de Manhattan é com certeza chique e sem tumultos de turistas na região da Park onde ele está, mas também não tem lá grandes atrações ou mesmo restaurantes possíveis (existem os caros, proibitivos para gente normal em férias com crianças famintas, e existem os Starbucks, bons para um café da manhã ligeiro e só).

Sobraram visitas aos poucos mercados da área – e nenhuma ligação ao secular room service porque, bem, o dólar não estava para pratos de US$ 45.

A graça do Waldorf Astoria, no entanto, está lá. Confortável, sim. Agradável, muito. Realmente bonito no primeiro impacto e sacramentado na lembrança até pelos tantos filmes passados ali, como “Perfume de Mulher”, “Serendipity” e “Os Excêntricos Tenembaums”.

É suficiente para fazer voltar? Sim, ainda mais com o ótimo custo-benefício mesmo na alta temporada. É suficiente para garantir um lugar na história? No ramo hoteleiro, lógico, para sempre. E, agora, na minha história também.


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Waldorf Astoria New York, 540 Lexington Ave, New York, NY, Estados Unidos – Visitado em julho de 2015

  • Diárias: US$ 290 (site de reservas)
  • Para crianças? Sim.
  • Romântico? Sim.
  • Natureza? Não.
  • Vistas panorâmicas? Depende da localização do quarto.
  • Tem esporte? Academia interna bem equipada.
  • Conforto (de 1 a 10): 9
  • Gastronomia (de 1 a 10): 8
  • Spa (de 1 a 10): 9
  • Hospitalidade (de 1 a 10): 10
  • Passeios (de 1 a 10): 10

Saiba mais: www.waldorfnewyork.com


flavia-perfil2FLÁVIA PEGORIN é jornalista especializada em turismo e gastronomia – mas gosta de praticar bons textos no dia a dia também. É torcedora fiel do São Paulo FC, do New York Jets, do Boston Red Sox, do Chicago Bulls e da seleção feminina de curling da Suécia. Escreve semanalmente no Viajando por Esporte para dividir todas as suas viagens.

Publicado por Paulo Mancha

Jornalista especializado em turismo, foi editor chefe da Revista Viajar pelo Mundo e repórter das revistas Terra e Próxima Viagem. Desde 2003, fez mais de 50 reportagens internacionais e, em 2012 e 2014, foi agraciado com o Prêmio de Melhor Reportagem da Comissão Europeia de Turismo. Comentarista esportivo do canal ESPN, Paulo decidiu unir neste blog as duas paixões: viagens e esportes.

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